Em busca dos naufrágios que forçaram o Brasil a entrar na Segunda Guerra Mundial.
Arqueólogos Subaquáticos, Oceanógrafos e Documentaristas, ao buscarem navios que colocaram o Brasil na Segunda Guerra mundial, encontram paraíso para mergulho no litoral de Sergipe.
Nesta reportagem do Jornal da Alese, de 17 de agosto de 2023: A Assembleia Legislativa de Sergipe, por meio da Escola do Legislativo, realizou ontem uma palestra sobre a importância dos eventos históricos ocorridos em Sergipe para a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial e a respeito das pesquisas arqueológicas que buscam resgatar essa história.
A HISTÓRIA
Todos sabem que a segunda guerra mundial foi um dos períodos mais dramáticos da história humana, com batalhas na Europa, África e na Ásia, de 1939 a 1945. Porém, pouca gente sabe que o Brasil também foi atacado, com centenas de vítimas fatais. Desde o começo do conflito o Brasil se manteve neutro, por insistência do Presidente Getúlio Vargas. Mas através da pressão dos Estados Unidos da América, o Brasil cortou relações diplomáticas com os países do Eixo. Apesar disto, o Presidente Vargas se recusava a entrar na guerra.
Tudo mudaria entre os dias 15 e 16 de agosto de 1942, quando o submarino alemão U-507 covardemente torpedeou e afundou os navios mercantes brasileiros Baependi, Araraquara e Aníbal Benévolo, entre a Bahia e Sergipe, causando mais de 550 mortes. A partir da manhã seguinte, centenas de corpos dos naufragados foram chegando as praias sergipanas. Agora era inevitável. O território brasileiro havia sido atacado. Através de grande comoção popular e massiva cobertura de imprensa, o presidente Vargas teve que declarar guerra contra a Alemanha. Isto afetou o resultado da guerra, pois o Brasil se tornou uma base valiosa no Atlântico Sul, e os recursos brasileiros começaram a suprir os exércitos aliados. Sem o apoio do Brasil, o resultado da guerra poderia ter sido outro. Mas sobre a noite que fez o Brasil entrar na grande guerra, que verdadeiramente mudou o rumo da história, pouco se sabe.
Em busca de respostas a este grande mistério, um grupo de arqueólogos subaquáticos, historiadores, oceanógrafos, navegadores e cineastas se juntou para pesquisar os segredos da Segunda Guerra Submarina…
A BUSCA PELOS NAUFRÁGIOS
Com o suporte do Ministério Público Federal de Sergipe o projeto teve início no mar com as pesquisas geofísicas. Orientados pela historiadora e arqueóloga Roberta Rosa e pelo arqueólogo subaquático Gilson Rambelli do Laboratório de Arqueologia de Ambientes Aquáticos da Universidade Federal de Sergipe as buscas tiveram início. O objetivo do oceanógrafo Jonas Santos e do navegador Alexandre Maia Caldeira era encontrar evidências dos naufrágios que foram afundados pelo U-507.
Após exaustiva busca por extensa área do litoral, alguns alvos potenciais foram finalmente identificados, que poderia ser os naufrágios do Baependi e do Aníbal Benévolo. A segunda fase do projeto foi então colocada em andamento. Juntaram-se a equipe o arqueólogo subaquático Luis Felipe Freire Dantas Santos e os documentaristas e mergulhadores Vera e Yuri Sanada.
De posse das coordenadas geográficas, a equipe saiu de Aracaju no meio do inverno, época em que o mar é muito revolto e as condições para mergulho pouco recomendáveis. Porém era consenso que este mergulho era muito importante nesta altura do projeto, para identificar as condições na área onde os alvos foram encontrados, e possibilitar o planejamento das próximas fases da pesquisa. Após algumas horas navegando em péssimas condições de mar, eles chegaram a área de um dos possíveis alvos. Felipe e Yuri iniciaram a descida, e a 27 metros de profundidade encontraram condições muito agradáveis. Eles realizaram padrões de buscas, no curto tempo permitido a esta profundidade. Esta é uma região pouco explorada, pois sem projetos comerciais sendo executados ali, talvez apenas pescadores já visitaram a área. Para surpresa dos mergulhadores, o lugar se revelou de beleza e riqueza impressionantes, com pouca correnteza, vida marinha abundante, e portanto com grande potencial para turismo subaquático. Infelizmente na superfície as condições atmosféricas pioraram, o que fez com que a operação não pudesse continuar. A terceira etapa das pesquisas, com novas sondagens em busca de posicionamento mais preciso dos naufrágios está em planejamento, o que será seguido por mergulhos de identificação dos alvos. Isto será realizado no verão, quando as condições de mar devem serão bem mais agradáveis.
O PROJETO
Outro aspecto deste projeto que também é muito importante é que ele só foi possível pela parceria celebrada entre o poder público, as instituições de pesquisa e o setor privado. Acompanhe as novas etapas do projeto que trará a tona os detalhes deste episódio da história brasileira pouco conhecida, que colocou o Brasil na Segunda Guerra mundial, e mudou o rumo da história da humanidade.