Desafio Fenício- Episódio 4. A ONU e Visita a Campo de Refugiados Somali.
A partir de Aden, a expedição vai navegar por águas infestadas pelos piratas da Somália. Mas se o mundo todo sabe dos problemas e o terror que eles estão causando, poucos conhecem o outro lado da realidade. Participamos de reunião dos Voluntários da Onu, e seguimos para visitar Kharaz, um dos campos de refugiados que fogem da Somália.
Kharaz, Campo de Refugiados Somali.
O campo de Kharaz fica a duas horas de Aden, no Iêmen, mantido pela Onu e por mais de oito ONGs de ajuda internacional. A cada dia chegam e saem pessoas do campo, que é aberto. Kharaz tem 16 anos de funcionamento, sendo este o quarto lugar de instalação.
Em 1960 dois protetorados, italiano e britânico, uniram-se formando a República da Somália. Assassinatos, golpes e revoluções colocaram o país em direção a guerra civil, que permanece constante desde 1977. Sem governo central, os líderes militares chefes de tribos dividiram o país. Algumas ações militares estrangeiras foram tomadas, mas a situação se agravou de tal maneira, que milhares de pessoas só tem uma opção para sobreviver, deixar o país.
Chegamos ao campo após esperarmos por quase 2 horas pela escolta do exército, pois para andar no país, mesmo com a equipe da ONU, é necessário estar com segurança. A paisagem é impressionante, do mar ao deserto, quase duas horas de trajeto, passando por diversos pontos de checagem militar. Na estrada pode-se ver somalis caminhando em pequenos grupos, tentando chegar a algum lugar melhor, sem esperanças ou documentos. O campo fica um pouco retirado da estrada principal, e lá a ONU mantém os escritórios e alojamentos fortificados, e de fato muitos vão lá para protestar. Ao andar por Kharaz, têm-se a impressão de estar em um lugar irreal, onde as pessoas vivem em um limbo, com um passado de muita violência e medo, um presente estável mas sem sentido, e nenhuma esperança de futuro.
Todos tem uma reação a minha passagem. Ao verem a câmera, as mulheres começam a protestar, algumas violentamente. Pedindo melhores condições de vida, além do que a Onu pode dar. Os homens, em menor número, em geral vêem em jornalistas talvez um contato com o mundo exterior. Já para as crianças, tudo é festa. Na verdade, para eles que viveram os horrores da guerra em casa, a violência indescritível que os levou a chegar até aqui, a travessia do Golfo em barcos que não tem condições nem para levar carga imperecível, o campo de Kharaz pode parecer um oásis de paz que permite brincadeiras infantis. Mas a realidade é que para estas crianças, suas mães e os poucos que pais que não saíram andando pelo deserto em busca de algum dinheiro em cidades do Iêmen, o futuro não traz nenhuma sombra de esperança, ao menos enquanto seu país não encontrar a paz, que perdeu décadas atrás.
Torre do Silêncio
A religião oficial do Iêmen é o Islamismo, sendo um dos países árabes que mais reforçam esta religião. E no mar vermelho o Phoenicia tenta vencer os ventos contra para chegar em Aden, onde existe a ruíina de um dos dois únicos cemitérios Zoroastra do mundo, onde os mortos não eram nem enterrados nem queimados, mas comidos por pássaros.
O Zoroastrismo é uma religião que surgiu na Pérsia, tendo Zaratustra como seu profeta. A torre do Silêncio de Aden, como eram chamados os cemitérios zoroastras, foi construída cem anos atrás pelos indianos que vieram junto com o Império Britânico. Esta religião prega que ao morrer, a alma deixa o corpo, que se torna impuro, não podendo ser nem enterrado nem queimado no fogo, que também é sagrado. Assim, os cadáveres eram colocados nús a céu aberto, com os homens no círculo externo e mulheres e crianças no círculo central. Assim os abutres vinham comer a carne, e os pecados eram purificados por eles.