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SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS SUBAQUÁTICOS SÃO LOCALIZADOS E CADASTRADOS NO IPHAN

INSTITUTO AFRORIGENS

BOLETIM DE INFORMAÇÃO À IMPRENSA E À COMUNIDADE

Data: 18 de dezembro de 2023

SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS SUBAQUÁTICOS SÃO LOCALIZADOS E CADASTRADOS NO IPHAN

Os arqueólogos do Instituto AfrOrigens localizaram, na primeira semana de dezembro de 2023, dois sítios arqueológicos formados pelos restos de embarcações naufragadas, nas imediações da foz do Rio Bracuí, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, Brasil.

Esses sítios, formados pelos restos de naufrágios, foram devidamente registrados na plataforma de Cadastro de Sítios Arqueológicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como sendo os sítios arqueológicos “Bracuí 1” e “Bracuí 2”, e com isto eles passam a ser protegidos pela Legislação Federal – Lei nº 3.924, de 26 de julho de 1961, como sendo bens patrimoniais da União.

O Instituto AfrOrigens agora se prepara para, a partir do próximo ano, estudar sistematicamente esses sítios por meio da implantação de uma metodologia de escavação e registro arqueológico, buscando a catalogação de mais dados que corroborem para a identificação dos sítios arqueológicos e a sua participação em atividades ligadas ao tráfico transatlântico de africanos para a região.

Um dos sítios havia sido indicado pela tradição oral da comunidade quilombola Santa Rita do Bracuí, e nesta ocasião teve sua localização indicada em colaboração com pescadores da região, que conheciam a localização do naufrágio há muitas décadas e mencionavam que o local já foi vitimado tempos atrás por processos de pilhagens de mergulhadores locais.

O segundo sítio arqueológico foi localizado por imagens sonográficas e se encontra enterrado no fundo marinho da enseada do Bracuí.

Somente os estudos arqueológicos subaquáticos sistemáticos poderão confirmar se um deles corresponde ao navio escravagista Camargo, procedente dos Estados Unidos e trazendo africanos escravizados de Moçambique, cuja identificação e estudo é o principal objetivo deste projeto. O naufrágio ocorreu em 1852 de forma proposital, como estratégia de ocultamento da atividade clandestina do tráfico transatlântico de africanos, depois do desembarque na foz do rio Bracuí de aproximadamente 500 pessoas escravizadas procedentes de Moçambique.

A iniciativa do trabalho de pesquisa, arqueológico e histórico, conta com o apoio e a colaboração da rede internacional Slave Wrecks Project, sediada e coordenada pela Smithsonian National Museum of African American History and Culture com a George Washington University, da Universidade Federal Fluminense, da Universidade Federal de Sergipe e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com a comunidade remanescente quilombola Santa Rita do Bracuí.

O INSTITUTO AFRORIGENS

AfrOrigens é um grande projeto de Arqueologia sobre a Diáspora Africana no Brasil.

Durante centenas de anos, milhões de africanos foram escravizados e trazidos forçadamente ao Brasil em diferentes tipos de navios, de maneira desumana para servirem como mão de obra nos trabalhos que formaram a riqueza desta nação. Essa história é ainda muito pouco conhecida.

Este ambicioso projeto de pesquisa busca respostas para questões que ainda são silenciadas e, com isto, pretende trazer ao grande público, no Brasil e no exterior, o conhecimento sobre as viagens Atlânticas. Alguns dos naufrágios desses navios escravagistas representam a materialidade e a própria prova destes crimes contra a humanidade.

Muitos Quilombos, especialmente os situados no litoral do Rio de Janeiro, estão intimamente ligados a estes navios da morte. Com suas memórias, histórias e lutas pelo reconhecimento e titulação da terra, são parte fundamental de nossas pesquisas e projetos futuros.

Os dados obtidos pelo AfrOrigens serão disponibilizados para uso de outras instituições, como a Comissão da Verdade Sobre a Escravidão Negra no Brasil.

O Instituto AfrOrigens é um projeto de mapeamento da materialidade ligada a eventos diaspóricos do tráfico transatlântico de africanos e, consequentemente, se articula com estudos e agendas políticas de identificação, reconhecimento e reparação de crimes contra a humanidade.

Entendendo a Arqueologia como uma atividade que se constitui como uma ação política, reverberando em transformações no presente, buscamos desenvolver pesquisas arqueológicas de navios escravagistas em parceria com comunidades quilombolas, primando pela construção coletiva e democrática do conhecimento, através do protagonismo dos agentes sociais envolvidos e do diálogo permanente de saberes, por meio da integração de suas referências culturais (todas as suas manifestações) e suas dimensões políticas e contextos de significados.

Ao desenvolver projetos com esta temática no Brasil, estabelecemos um fórum de discussão entre os pesquisadores que atuam com o tema da Diáspora Africana no Brasil e no mundo, com ênfase nos aspectos teóricos e metodológicos das investigações levadas adiantes, pormenorizando particularidades específicas dos sítios arqueológicos formados por restos de embarcações escravagistas naufragadas e seus referidos contextos históricos, sociais e políticos.

Além dos aspectos referentes às interpretações arqueológicas, pretende-se divulgar ao grande público o conhecimento produzido, bem como discutir sobre a possibilidade de musealização dos bens culturais estudados, para o turismo subaquático in situ, ou permitir, por meio da documentação sistemática realizada, a reconstrução virtual dos restos dessas embarcações para os visitantes que não mergulham. Busca-se, assim a publicização e o envolvimento do público em geral com o Patrimônio Cultural Subaquático decorrente da Diáspora Africana.

Nosso objetivo é estimular o uso social do patrimônio cultural subaquático e sua sustentabilidade, considerando para isso a participação e o envolvimento das comunidades tradicionais locais, de forma que elas encontrem afinidades e identidades com esses patrimônios e com as pesquisas arqueológicas realizadas sobre eles. A participação das comunidades no projeto e nos seus desdobramentos poderá abrir novos caminhos de sustentabilidade, como a prestação de serviços nos sítios arqueológicos, na pesquisa e preservação, ou no desenvolvimento de ações ligadas ao turismo de base comunitária, dando visibilidade a sua história e sua luta por direitos e reconhecimento.

PARCEIROS DO INSTITUTO

Quilombo Santa Rita do Bracuí

Laboratório de Arqueologia de Ambientes Aquáticos – Universidade Federal de Sergipe

Laboratório de História Oral e Imagem – Universidade Federal Fluminense

Aventuras Produções e Edições Educativas Ltda.

Projeto Passados Presente – UFF, UNIRIO, UFRJ, Center for Latin American Studies CLAS PITTSBURGH

The Slave Wrecks Project

Smithsonian Institution National Museum of African American History and Culture

The George Washington University

Núcleo de Estudos de Cultura Material – Universidade do Estado do Rio de Janeiro

IMAS – Instituto de Memória e Ação Social

APOIADORES

NAUI – National Association of Underwater Instructors

Aquamaster Centro de Mergulho

Marina Porto Frade

The Explorers Club

Witness.org

Contatos pelo website do instituto: www.afrorigens.com.br

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